quarta-feira, 11 de abril de 2007

Algumas Questões Técnicas de Aquariofilia




A QUALIDADE – DUREZA A expressão “sente-se como peixe na água” não é totalmente verdadeira se a tal água não possuir as características que o peixe necessita para se sentir bem e viver naturalmente.
A água é para o peixe o que o ar que respiramos é para o ser humano.
A água que o peixe necessita não e o simples H2O que corresponderia à água destilada ou à água das chuvas.
A água que corre nos rios, existe nos lagos ou brota da terra tem uma composição complexa e que é produto das camadas de terra que atravessou ou com quem está em contacto
A diferença entre as águas reside na quantidade e espécie de sais que contém dissolvidos.
As que maior diferença apresentam são a água do mar com as suas 35 gramas por litro e as águas doces cujo teor de sais vai de 0 a 5 gramas por litro.
Entre estes extremos temos ainda a considerar as chamadas águas salobras habitadas por espécies com certas características.



A composição da água do mar é bastante homogénea de região para região e a sua diferença reflecte-se mais na temperatura e densidade do que na composição, pelo contrário as águas doces ou continentais apresentam-se com profundas diferenças de lugar para lugar, pelo que acontece, na maioria das vezes, que as águas da torneira que utilizamos para encher os nossos aquários possuem uma composição bem diferente das águas de origem das espécies que pretendemos conservar e mesmo reproduzir. Por este motivo, apesar do poder de adaptação de muitas espécies ser uma realidade assiste-se com frequência a verdadeiros morticínios.
Pensa-se que o salmão quando regressa ao lugar onde nasceu tem de ir identificando as águas onde navega através da sua composição físico-química e reconhece agua onde nasceu.
Por tudo isto é importante conhecer as características de mineralização das águas que utilizaremos nos nossos aquários.



Existem métodos relativamente expeditos para medir o que se chama de dureza da água e que depende dos sais que contém. Os reagentes de que o comercio de aquariofilia possuem permitem obter dados bastante precisos.
Mais adiante referiremos outra característica muito importante da água que é o PH.
Conhecidas as características da água à nossa disposição poderá escolher-se as espécies que mais convém para povoar o aquário, ou permitirem fazer correcções para manter um certo biótipo.
Mais adiante trataremos os métodos de correcção.
Fervendo a água verifica-se que o valor da dureza baixa sensivelmente. Este facto permite-nos classificar três espécies de dureza.
· Dureza temporária (que desaparece com a ebulição)
· Dureza permanente (que subsiste para além da ebulição)
· Dureza total ( dureza temporária mais dureza permanente)
Segundo o valor da dureza total as águas classificam-se em:
· Águas muito macias entre 0 e 5 º franceses
· Águas macias entre 6 e 10 º
· Águas meias duras entre 11 e 15 º
· Águas duras entre 16 e 30 º
· Águas muito duras superior a 30 º
Para corrigir as águas duras usa-se juntar água das chuvas, quando não poluídas, agua desmineralizada ou destilada.
Nunca se deve utilizar água desmineralizada por desmineralizadores regeneráveis por sal das cozinhas!
A maioria dos peixes e das plantas de aquário requerem ou adaptam-se a águas macias ou medianamente duras.
Algumas espécies exigem águas muito macias, principalmente para se reproduzirem, outros como por exemplo os vivíparos preferem águas mais mineralizadas.



As águas duras da Europa tem a sua origem no conteúdo em cálcio enquanto a dureza das águas africanas é devida ao teor de magnésio.
Já se aludiu à forma de amaciar uma água, mas quando pelo contrário há que a endurecer poderá usar-se rochas calcárias que vão libertando lentamente o calcário ou em alternativa junta-se 1 a 2% de agua do mar.
Não convém utilizar água fervida porque perde muitas das propriedades úteis ao equilíbrio do aquário.
Como a medição da dureza depende de país para país é necessário conhecer-se a tabela de equivalências.
Para além da dureza total é de ter também em conta a Dureza devida aos carbonatos.
Os carbonatos são muito importantes na noção de reserva alcalina não só pela sua qualidade de tampão como também como origem de anidrido carbónico tão necessário às plantas.
ACIDEZ E ALCALINIDADE – VALOR DO PHEsta característica da água depende do número de iões de hidrogénio presentes.
Os factores que influenciam o PH são vários e compreendem – iluminação, temperatura, gás carbónico, oxigénio dissolvido, vegetação, povoamento do aquário, alimentação, etc.
O seu valor vai de 0 de um ácido puro a 14 de uma base química sendo o valor neutro 7.
O PH é considerado como um bom indicador de um certo equilíbrio químico - biológico de uma água em geral e de uma água de aquário em particular.
O baixo valor do PH (4,5 – 5) das águas extremamente doces dos afluentes do Rio Amazonas são devidos aos ácidos húmicos em presença e à carência de calcários na região.
Num aquário com águas mediamente duras ou duras não é possível manter um PH baixo e se isso acontecer será à custa de ácidos fortes
A medição diária do PH durante quinze dias seguidos poderá dar-nos a indicação do estado de equilíbrio de todo o sistema.
Uma fonte importante de acidez do aquário tem origem no ácido carbónico libertado pelos peixes e que se associa em parte à água.
Este gás é tóxico para os peixes mas elimina-se facilmente. Uma parte, como se disse combina-se com a água e forma o acido carbónico, que libertará iões de hidrogénio e provoca o abaixamento do PH. Outra parte irá reagir com o calcário presente no aquário formando bicarbonato de cálcio e vai servir de tampão ao PH e à dureza total.
A agitação da superfície livre da água permite a libertação de grande quantidade de gás carbónico arrastando também carbonato de cálcio ( calcário ) consigo.
Num aquário bem plantado e fortemente iluminado, as plantas absorvem grandes quantidades de CO2 dissolvido, precipitando o bicarbonato de cálcio e dando lugar a um aumento do PH. Um aumento excessivo do PH favorece a eliminação do CO2 dissolvido.
Acima de PH 8.5 não existe CO2 livre na água.
Num aquário novo o valor do PH aumenta facilmente e vai muitas vezes para perto dos 8,5, no entanto como as águas novas tem tendência a saturar-se de bicarbonatos, passadas algumas semanas face ao fornecimento de CO2 pelos peixes e também pela acção das bactérias a situação inverte-se para a acidificação à medida que diminui a reserva alcalina. este fenómeno é notável em aquários com areão não calcário como é o caso da sílica.
Estes fenómenos são muitas vezes desencorajantes para os principiantes menos avisados, que os levam muitas vezes a substituir a água e o areão para começar tudo de novo e vir a deparar com as mesmas alterações.
Este facto por si só justifica a elaboração deste apontamento
Como vimos o excesso deCO2 é em parte eliminado pela formação de ácido carbónico que por sua vez é neutralizado parcialmente pelos elementos calcários por ventura existentes no solo ou na decoração . Esta noção de poder catalisador e de reserva alcalina é importante, mas as quantidades não são geralmente exageradas na água que utilizamos. Pelo contrário no caso da água do mar o uso do calcário é aconselhável tanto para o solo como para a decoração a fim de manter o valor do PH >8
Uma forma de eliminar o CO2 como já se referiu é manter a superfície da água bastante agitada.
Existem métodos químicos artificiais para corrigir o PH que devem ser usados com parcimónia ou em casos particulares como no caso de intoxicação por amoníaco.
Para aumentar o PH de uma água dura pode utilizar-se bicarbonato de sódio.
Para diminuir o PH de uma água dura pode utilizar-se o fosfato acido de sódio
Para diminuir o PH de uma água macia de modo a obter uma acidez favorável à reprodução de algumas espécies aconselha-se a filtragem através de turfa, mas é perfeitamente inútil filtrar por turfa uma água dura para a acidificar. O processo será ineficaz face ao fraco poder acidificante da turfa e ao poder de tampão das águas duras. Não normal e é anti-biológico ter uma água dura e ácida. O interesse essencial da turfa é fornecer a uma água macia um certo poder tampão ácido.
Um outro elemento extremamente importante para o equilíbrio do aquário é sem duvida o Poder Oxidante do ambiente e que de certo modo está relacionado com o valor do PH. Sinteticamente poderá afirmar-se que o potencial oxidante tem uma grande importância para os organismos vivos. Várias são as reacções bioquímicas que provocam fenómenos de oxiredução ao nível das células. Uma dada substância pode ser inofensiva num meio oxidante e ser muito tóxica num meio redutor.
O controle deste facto pode evitar verdadeiras catástrofes. Na natureza as águas tem tendência oxidante mas, infelizmente o contrário sucede no aquário por muito grande que seja.
Tem de se evitar a todo o custo que o ambiente se torne muito redutor. A biodegradação é um processo de oxidação por perda de hidrogéneo e ganho de oxigénio ao nível da célula. Por acção de certas bactérias as matérias orgânicas são oxidadas em produtos amoniacais tóxicos depois em nitritos e por fim em nitratos que são muito menos tóxicos.


Algumas semanas depois de estabelecido um novo aquário as reacções referidas dão-se em meio oxidante sem que os elementos tóxicos apareçam notavelmente. Pelo contrário se o meio se tornar redutor dá-se o fenómeno inverso e a intoxicação dos peixes é imediata com a perda total.
Pelo exposto é necessário manter as colónias de bactérias sempre bem oxigenadas principalmente a nível do solo pois que é aí que as bactérias essenciais à nitrificação são mais activa.
Este fenómeno está na base da utilização da chamada filtragem de fluxo invertido que obriga a água a atravessar a camada do solo de baixo para cima. Este sistema está a ser usado com frequência em aquariofilia de água do mar.
Para evitar o perigo de se estabelecer um ambiente redutor convém fazer pequenas mudanças de água frequentemente o que evita particularmente a acumulação de nitratos, principalmente em aquários com poucas plantas.
Em resumo poderá dizer-se que para manter um aquário em boas condições é necessário ter em conta:
Um bom arejamento
Uma boa filtragem
Mudanças parciais e frequentes de água.



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